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sábado, 5 de fevereiro de 2011

Apagão em Maceió(por David Duarte)



Apagão - Você olhou para o céu?

O apagão da madrugada da última sexta-feira causou vários transtornos à população dos vários Estados brasileiros afetados.
Entretanto, para os apreciadores da Astronomia, houve um fator positivo grandemente compensatório à ausência dos benefícios da energia elétrica a que estamos acostumados.
As horas no escuro foram memoráveis para os sócios do CEAAL que fizeram observações no período, vendo o céu de Maceió como jamais antes.
Particularmente eu nunca tinha visto o céu com aquela "qualidade", nem quando tinha feito observações no interior. Não vou listar todos os objetos que observei, pois passaria horas. Mas a região de NGC 3532 (enorme como nunca) e da Nebulosa de Eta Carinae visíveis a olho nu já dão uma ideia para quem não viu. Ainda muitos outros objetos - que em condições normais tem observação difícil ou até impossível ao telescópio - eram maravilhosamente observados à vista desarmada. A sensação era realmente de que as estrelas estavam bem mais próximas que o habitual. E passear pelo céu com um binóculo 10x50 naquela circunstância foi um privilégio.
Imaginemos então como eram os céus na época dos pais da Astronomia moderna, como Kepler, que afirmou:
"Desde que nós astrônomos somos sacerdotes do Deus Altíssimo com respeito ao livro da Natureza, devemos estar cônscios não da glória das nossas mentes, mas da glória de Deus acima de tudo."
É lamentável, no entanto, que atualmente só em ocasiões de falta de energia nós possamos observar o céu em sua plenitude nas nossas grandes cidades. Lembremos que é a Poluição Luminosa que nos impõe esse bloqueio cultural e biológico, restringindo nosso contato com a Natureza.
A Poluição Luminosa não é inevitável, não é inseparável das zonas urbanas. A maior causa da PL é a iluminação pública mal projetada. Cerca de 40% da luz gerada pela maioria dos postes que você vê na cidade é direcionada para o céu, encontrando partículas na atmosfera que a refletem, criando a névoa artificial de tonalidade laranja que limita o valente brilho das estrelas que luta para chegar até nossos olhos. A solução é simples e não é cara. Com um pouco de vontade política, as luminárias poderiam ser substituídas por outras que direcionassem e refletissem toda a luz gerada pela lâmpada para o chão, onde ela é necessária. Haveria inclusive uma economia de até 50% no consumo de energia elétrica da iluminação pública, pois uma lâmpada com aproximadamente metade da potência geraria a mesma iluminação efetiva no solo que uma luminária normal produz hoje. Poderiam fazer essa troca a partir da próxima licitação para manutenção dos postes, mas a comunidade astronômica vem alertando para isso há anos e parece que nada foi feito ainda.
Se você aprecia a Astronomia e se sente incomodado com a PL, aprenda mais sobre o tema e participe de campanhas de divulgação e conscientização do problema:
http://www.darkskiesawareness.org/faq-what-is-lp.phphttp://www.lco.cl/general-inf/informacion-en-espanol/contaminacion-luminica/el-problema-de-la-contaminacion-luminica/el-problema-de-la-contaminacion-luminica
http://www.rba.astronomos.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=274:maratona-da-via-lactea-2010&catid=1:comunicados&Itemid=50
David Duarte
CEAAL

Um comentário:

  1. Excelente texto! Este, realmente, aproxima o leitor de conteúdos de Astronomia e assuntos interessantes, especialmente para quem vive na área urbana de Maceió e o faz refletir sobre a presença de um Deus todo Poderoso em nossa vida. Valeu, David!
    Sua crônica é fantástica!

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